Eutanásia (do grego ευθανασία - ευ "bom", θάνατος "morte") é a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada e assistida por um especialista.
A Assembleia da República irá decidir sobre a Despenalização da Eutanásia no dia 29 deste mês de Maio.
Parece-me importante reflectir sobre o papel dos Psicólogos nesta temática.
Não irei expor a minha posição pessoal sobre a mesma, uma vez que não é esse o objectivo a que me proponho neste artigo.
A função de um Psicólogo compreende sempre a ajuda para o pensamento no sentido de um maior e melhor conhecimento pessoal, independentemente do sintoma apresentado pelo paciente e/ou do grau de desenvolvimento psicoterapêutico que cada pessoa pretende alcançar.
Deste modo, também nesta área da Eutanásia, se torne fundamental que a posição do indivíduo seja consciente e o mais de acordo com o seu Eu.
Para além desse maior auto-conhecimento, o papel destes Especialistas de Saúde Mental reside no apoio psicológico na adaptação à Doença.
Em algumas situações, todo o contexto de vida/dinâmica da pessoa em causa (presente e passado), leva a sentir a doença de uma forma mais insuportável do que poderá tornar-se com um apoio psicológico competente.
A avaliação psicológica poderá também ter o seu contributo na percepção da Persistência da vontade da pessoa em querer ou não terminar com a sua vida.
Em determinadas situações, como no caso de uma Depressão, a forma como se lida com o Mundo que rodeia o sujeito fica muito alterada. Deve-se perceber esta diferença entre estar apenas deprimido (com toda a importância desta patologia) e ter mesmo vontade de morrer.
A Independência é sempre desejada em Psicoterapia, assim como uma forma mais feliz de lidar com a vida.
Muitas pessoas sentirão medo da dependência de outrem numa situação terminal e desejarão terminar com a sua vida.
Outras poderão ainda sentir-se culpadas pelo incómodo causado aos cuidadores, o que também poderá determinar sentimentos de "não querer mais viver".
Apontei aqui apenas alguns papeis de um Profissional de Psicologia nestes momentos do final da Vida, tendo em conta que este Papel pode começar desde o desejo de ter um filho até à morte de alguém.
Relativamente à minha experiência nesta Temática, nunca esquecerei:
- Aquela senhora naquele hospital que me pediu para morrer, ainda estagiária há mais de 20 anos.
- Aquele senhor no mesmo hospital que medicavam com paracetamol, mas cuja espectativa já era a de que iria ter que ser administrada uma injecção de medicamento mais forte para as dores insuportáveis.
- Aquela idosa daquele Lar, a que assisti ao último suspiro.
- Aquele casal que finalmente conseguiu um filho adoptado e lutou e lutou com TANTO sofrimento até o ver "partir".
Conceição Santos Costa
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