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Psicoterapia sem velocidade


Psicoterapia sem velocidade

 

Passaram 27 anos de trabalho e sinto cada vez mais nas minhas consultas de Psicoterapia, uma necessidade quase ansiogénica de soluções imediatas para os sintomas psicológicos.

Parece algo premente e faz lembrar os bébés quando choram pelo leite materno. Talvez haja aqui uma dificuldade de frustração que aumenta de modo geracional, precisando de respostas para ontem.

Ora, não será isso impossível?

Em Psicoterapia, a principal função é pensarmos em conjunto sobre a vida do paciente. Trata-se da vida externa, mas também da vida interna de cada pessoa que nos procura.

E a intenção, o objectivo, é que algo mude, que se passe a lidar com esse mundo externo e interno de uma forma mais feliz.

Imagine alguém com, por exemplo, 20 anos.

A personalidade foi-se formando lentamente, desde o nascimento.

20 anos de experiências vividas, 20 anos de reflexões, de relacionamentos, de sentimentos.

Como pode existir uma mudança importante assim, de repente?

Numa primeira fase de Psicoterapia, é preciso tempo para que o paciente se habitue ao psicoterapeuta, de modo a que se vá sentindo mais à vontade para falar de si próprio e comece a projectar modelos de relacionamento passados.

Já pensou nos momentos em que conhece alguém pela primeira vez? Não se sente disponível para falar de si e muito menos de temáticas íntimas.

Simultaneamente, juntos, vamos procurando os motivos, as causas para os problemas, para os sintomas.

Todos temos ansiedade, mas cada um se defende da sua forma e muitas vezes, esta não é a melhor.

Pretende-se que esta relação terapêutica seja única, diferente de todas as outras e com ela, a pessoa mude.

Na actualidade, a velocidade faz parte da vida, as redes sociais, a internet, os telemóveis e tantas outras situações.

Mas se quiser um dia fazer Psicoterapia, ela está associada a tempo e tranquilidade para pensar.

Conceição Santos Costa

 

 

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