Psicoterapia sem velocidade Passaram 27 anos de trabalho e sinto cada vez mais nas minhas consultas de Psicoterapia, uma necessidade quase ansiogénica de soluções imediatas para os sintomas psicológicos. Parece algo premente e faz lembrar os bébés quando choram pelo leite materno. Talvez haja aqui uma dificuldade de frustração que aumenta de modo geracional, precisando de respostas para ontem. Ora, não será isso impossível? Em Psicoterapia, a principal função é pensarmos em conjunto sobre a vida do paciente. Trata-se da vida externa, mas também da vida interna de cada pessoa que nos procura. E a intenção, o objectivo, é que algo mude, que se passe a lidar com esse mundo externo e interno de uma forma mais feliz. Imagine alguém com, por exemplo, 20 anos. A personalidade foi-se formando lentamente, desde o nascimento. 20 anos de experiências vividas, 20 anos de reflexões, de relacionamentos, de sentimentos. Como pode existir uma mudança importante assim, de repent
"Neutralidade e omnipotência dos Psis" Dizia W.Bion que um Psi não devia ter desejo em relação aos seus pacientes. Como outros colegas, não acredito na neutralidade do Técnico de saúde mental. A minha motivação para os ajudar ultrapassa tantas vezes a capacidade de mudança dos próprios. Os motivos poderão ser inúmeros. Nestes momentos, a única solução é desistir de algum desejo mais omnipotente. Aqueles que optam por manter-me como sua Psicoterapeuta sabem que tenho um interesse genuíno pela sua PESSOA. E no meu sentir, esta é a característica mais importante de alguém que dedica a sua vida à saúde mental do Outro - Uma missão. Conceição Santos Costa